quinta-feira, 9 de outubro de 2008

UMA CRÔNICA PARA PEDRO




Pedro, meu Pedro, meu filho.
Menino apressado que com sete meses e meio de gestação resolveu inaugurar-se e contrariar o funesto diagnostico de morte com a liturgia da vida.
“Seu filho não sobreviverá!”
Afirmava o médico mostrando os seus diplomas.
“Não temas, crê somente” (Marcos 5.36)
Assegurava o Médico dos médicos (Jesus) demonstrando o seu poder.
E assim foi o teu primeiro dia de vida. Dia de milagre. Porém, o maior milagre foi você!
Mas, eras tão pequeno, bastava uma só das minhas mãos para te segurar por inteiro. E era tão frágil, qualquer friagem poderia ser fatal. No entanto, havia sede de vida, vontade de vida, desejo de vida tão intenso que teus olhos brilhavam renovando a nossa fé.
Pedro, meu Pedro, meu filho.
Agora, estais completando o teu primeiro ano e foram tantas as vitórias, dia a dia, semana a semana, momento a momento que enumerá-las torna-se uma dificílima tarefa. O teu sorriso mágico tem a capacidade de demover os meus habituais e cotidianos estresses. Tua curiosidade infantil é aventureira e desbravadora, grande causadora dos nossos sustos primários. Teu cabelo dourado é um raio de sol que resolveu morar ali. O teu sono tranqüilo é a própria imagem da paz.
Já te arriscas alguns passinhos e meu coração aos pulos sofre com as tuas quedas e teus pequenos machucados, todavia, tem plena consciência do quanto eles são necessários para o teu desenvolvimento.
As palavras ainda não fluem na tua comunicação e tentamos compreender o quase indecifrável idioma comum dos bebês e as nervosas gesticulações incontidas.
Eu quero que estas palavras, junto com o meu amor embalem não apenas os teus sonhos, mas o de todas as crianças dessa terra.
Um dia, eu sei, tu iras ler esta crônica e então saberás o pai bobão que eu sou, desajeitaaaado, mas, loucamente apaixonaaaado por você, que não tendo mais como falar resolveu apenas te chamar: Pedro, meu Pedro, meu filho.

(Pedro Lucas faz aniversário dia 11 de outubro, véspera do Dia das Crianças. É o meu segundo filho, um milagre de Deus, pois fora dito que não sobreviveria, mas o Senhor lhe deu a vitória da vida).

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

O DESACELERADOR DE ALMAS



Uma das maiores fantasia humana é o desejo de ser Deus.

Esse fetiche de nossa essência quanto ser humano tem nos levado a imensas tragédias e a quase completa alienação de Deus. Foi assim no início de tudo (para quem crê), a fascinante possibilidade de ser igual ao Criador fez Adão experimentar o fracasso do seu limitado ser e transmiti-lo como um gene hereditário a toda raça por ele inaugurada.

Depois veio Babel e sua balburdia dissonante. A torre que seria um signo e um símbolo da capacidade tecnológica do homem alcançando os céus e fazendo-se deuses, tornou-se um outdoor teológico-filosófico-histórico-mitológico da megalomania humana, jamais satisfeita e eternamente decepcionante.

Os reis egípcios julgaram-se deuses, e desenvolveram ciências e mecanismos para tentar driblar o que não era possível esconder, o apodrecimento de sua carne denunciando que tão somente homens eram e nada mais.

Nabucodosonor achou ser um deus, enlouqueceu e comeu capim como qualquer burro xucro. Herodes aceitou ser louvado, e foi comido por vermes.

E assim tantos outros surgiram em nossa sinuosa história da humanidade.

Aprecio o desenvolvimento científico e caio em profunda tristeza quando percebo as inúmeras vezes que as religiões e o próprio cristianismo foram usados como artifício para estagnar o conhecimento, para ignorantizar os povos.

O que não aprecio são experimentações equivocadas sem medir conseqüências de suas ações. Bilhões foram gastos na construção desse acelerador de partículas para um experimento obsoleto e infrutífero, quando temos problemas tão mais acelerados e pertinentes e palpáveis problemas a nossa volta gritando por soluções e investimentos que são desperdiçados numa brincadeira de deus.

Sem falar que o principio da experiência choca-se com a religiosidade científica pregada como justificada para tamanho desperdício. É tudo para provar que a vida surgiu de uma idéia subatômica que duas partículas tiveram, e resolveram dançar um “funk” e...BOOM! Tudo aconteceu, tudo veio a existir.

Ora, se esse tal invento conseguir provar que o Big Bang existiu, o que ele vai provar é que foi necessário alguém criar o acelerador cósmico de partículas para que assim o universo pudesse existir.

Inventemos coisas mais úteis que possam ajudar na melhoria da vida com justiça, paz e bem estar as pessoas que choram, clamam e gritam. Espero que o tão falado acelerador de partículas não desacelerem as almas e jogue o mundo em mais uma perigosa e neurótica brincadeira atômica.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

DEUS EXISTE!


Deus existe!

Existe?

“Eu o encontrei” dirá alguém.

Que expressão mais simplória e desassociada de um embasamento coletivamente concreto e científico. Até parece uma frase medieval ou mesmo uma dessas idiotizações religiosa que abundam em nosso cristianismo de mercado.

No entanto, a comprovação da existência de Deus se dá em níveis absurdamente paradoxais que nos leva do concretamente visível - mas invisíveis, ao que é tão somente uma experiência individualmente mística no interior de cada um, que só ele vive e não se pode provar nada.

Deus não se preocupou em comprovar sua existência através dos métodos sensoriais humanos. Porém, “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras de suas mãos” (Salmos 19.1), ou seja, a própria natureza em suas manifestações ecossistêmicas testemunha uma simetria funcional engenhosamente perfeita, obedientemente as “leis” naturais que a regem. Se isso não ajuda a comprovar que Ele existe, pelo menos nos inquieta quanto o “porque” dessa maravilhosa criação.

Não! Não!

“Eu quero fatos. Fatos. Dê-me um fato que prove que Deus exista”

Alguém me abordou certo dia.

Ora, dê-me um fato que não o comprove.

Teoria da evolução?

Precisaremos evoluir um pouco mais.

Os testes dos carbonos, o desenvolvimento científico, as confusões religiosas, etc.

Esqueceram que o homem tateia no que já encontrou existindo, que Deus criou um ser conscientemente progressista e que Ele, não é patrimônio de nenhuma religião, nem mesmo do cristianismo. O homem olha para o universo e torna-se presunçoso pelas suas conquistas, porém, “Ele chama as estrelas pelo nome, e por causa do seu poder nenhuma delas lhe desobedece” (Isaias 40.26).

Há também a comprovação subjetiva interior de sua existência. O que acontece unicamente no campo do seu homem-interior, ambiente onde o teu espírito experimenta uma comunicação íntima com o Espírito de Deus e não haverá nada nesse mundo que lhe demova a certeza e a convicção que encontrou o Senhor.

Aliás, foi por Ele encontrado.

Essa experiência nos dá uma percepção espiritual da realidade, que “discerne por fé e não por vista”.

E não é que acaba sendo assim mesmo!

Deus existe! Eu o encontrei!

Corrijo: Ele me encontrou.

Soli Deo Glória.

domingo, 10 de agosto de 2008

A CONFRARIA DE BETESDA (João 5.1-13)




(Betesda significa “casa de misericórdia” e era um compartimento em Jerusalém, nos tempos de Cristo, onde havia cinco tanque,e havia uma crença popular ensinava que um anjo, de tempos em tempos agitava as águas e todos que entrassem naquele momento ficariam curados. Jeus cura um homem paralítico por 38 anos rompendo com aquela crendice popular)


A cena era chocante!


Coxos, cegos, paralíticos e toda a sorte enfermidades e deformidades humanas, além da extremada solidão, do abandono e desprezo. Betesda hospedava a confraria dos infelizes, unidos pelo dor de suas trágicas experiências vivencias.


A religiosidade era frustrante!


Toda aquela multidão reunida pela angustiante expectativa sobrenatural, depositava a sua esperança numa manifestação mitológica, uma superstição religiosa que contrariava os princípios de fé que os profetas haviam construídos naquele país. Uma crendice popular servindo apenas para alimentar ilusões e produzir desilusões.


A solidão era paralisante!


No meio daquela balburdia dissonante jazia um desamparado, amargurado e desesperado homem, paralisado pela misteriosa enfermidade e pela desumanizada solidão. Sem nome, sem posses, sem ninguém, rastejava sua existência imperceptível em meio aquele aglomerado de gemidos, murmurações e lamentos. Trinta e oito anos de sofrimento e dor que o deixaram totalmente dependente da misericórdia alheia, que não acontecia nem lhe chegava.


A revelação era surpreendente!


Mas, ele não passou despercebido pelo Mestre. Ninguém vive despercebido pelos olhos de Deus. Ele está presente em todo lugar e em todo momento, no entanto, estamos tão centrados na realidade focal de nossa vida que não percebemos a sua presença não é sentida, até que Cristo, num ato de misericórdia e amor divino revela-se para transformar a nossa existência. E ali, em Betesda, Ele revela-se para transformar a existência daquele homem.


O encontro foi transformador!


A vida cristã é feita de encontros.

Encontros que nos liberta das crendices e superstições escravizantes. Liberta-nos de uma vida sem sentido e sem esperança. Em Cristo, temos um encontro com o nosso verdadeiro ser. N’Ele há os imperativos que nos faz transpor todos os limites de Betesda:

- Queres ser curado?

- Senhor não tenho...

- Levanta...e anda.


A graça de Deus não está limitada a um lugar (Betesda), uma tradição, uma religião, uma crença, uma enfermidade, ela rompe as fronteira ou barreiras existenciais, mas explode em fé, amor e esperança, transformando vidas, libertando os homens.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

ACUSAÇÕES CONTRA ELIAS



(faz-se necessário ler em 1 Reis capítulos 17,18 e 19)


Fico imaginando o as coisas pelas quais Elias seria acusado em nossos dias:


Fanatismo.


Por que vivia pela Palavra de Deus e não pelas circunstâncias ou negociações culturais em detrimento a verdadeira adoração. Vivia objetivamente a sua fé, sem vergonha de proclamar os editos divinos que o Senhor lhe ordenava.


Preconceituoso.


Sim! Seria tachado de preconceituoso por não admitir que religiões pagãs tomassem lugar na terra que Deus escolhera para o Culto Santo ao seu Nome. Por não aceitar essas expressões bizarras e esdrúxulas, que em seu ápice chegavam a queimar seus filhos, ainda bebês, em seus rituais abomináveis.


Retrógrado.


Por que não aceitava as mudanças radicais e estruturais pela qual a nação de Israel afundava em sua vida moral. Por não acatar que os bons costumes fossem relegados e as “novidades” imorais adentrassem em meio ao povo escolhido em nome das relações comerciais. Por dizer “não” a aculturação de tudo aquilo que era inominavelmente blasfemo diante dos olhos de Deus.


Perturbador das massas.


Pela coragem sem medida de denunciar as autoridades, colocando o dedo na ferida e expondo o rei e toda a sua corja pelos crimes que faziam afundar toda aquela geração. Pelo protesto em público e o desafiar legítimo para que os enganadores e parasitas do poder público mostrassem a cara no confronto do Carmelo.


Crente frio.


Porque não pulou, não dançou, não falou línguas estranhas, não fez piruetas nem “decretou” coisa alguma pelo seu poder, mas, humildemente clamou pelo Deus que o chamou. O Senhor responde com fogo consumidor.


Crente em pecado.


Porque era homem frágil e em nenhum momento de sua atribulada vida recebeu qualquer “vacina anti-stress”. E, assim, sendo homem, esteve sujeito as mesmas paixões que qualquer um de nós, sujeito aos medos, e cansaços, e solidões, e conflitos espirituais.

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Precisamos despontar em nós a audácia santa de Elias. Suas coragens monumentais, sua força advinda da fé num Deus que É. Precisamos da sua obstinada certeza no valor inegociável da Palavra provinda de Deus. Precisamos de sua impetuosa presença profética, denunciando os abusos de toda uma sociedade que apodrece dia a dia chafurdando na lama espúria do relativismo liberalizante que faz agonizar a decência, a moral, os bons costumes e todos os valores cristãos.


Que todos aqueles que amam ao Senhor possam unir-se para expressar na aplicabilidade diária de nossa fé, os padrões imutáveis de Cristo e assim, transformar a nossa geração através da força libertadora do EVANGELHO.


Impossível?


Elias era homem igual a nós. (Tg 5.17).