sexta-feira, 28 de novembro de 2008

"VEM!"


A atmosfera de dezembro já se faz presente em todos os lugares da cidade. No entanto, nem tudo está sendo iluminado pelos reluzentes enfeites natalino. A expectativa das festividades e do ano novo que se aproxima vem acompanhada de uma desagradável sensação de impotência diante das crises que eclodiram sobre nós como ondas turbantes de um revoltoso mar.
E elas se multiplicam...
Ora é a crise financeira internacional egressa de uma exuberante e hiperbólica valorização de imóveis e afins. Ora é a crise das águas: tragédias em Santa Catarina pelo seu excesso diluviano; e, tragédia nas áreas nordestinas secularmente atingidas pelas secas, mas que agora é parte do processo do aquecimento global, e somos, cada um de nós responsáveis. Há, também, a crise da moral devastada por uma aculturação imoral travestida de musicas e outras mídias cheias de triplo, quádruplo, quíntuplo sentidos expondo o que de pior existe nos relacionamentos amorosos e formando gerações de deficientes do afeto, do amor e do sexo.
E ainda, a crise dos relacionamentos mais profundos, dos laços familiares triturados pelos atos infames e inomináveis que presenciamos no ano ainda em curso. Filhos jogados pelas janelas, filhos mortos pelos pais. Pais agredidos, famílias destruídas. Crise de segurança, de confiança...
Ufa!...Um turbante e revoltoso mar prestes a engolir com as suas vagas o frágil barco de nossa existência. Como em Mateus 14.22-34:
Assim também estavam os discípulos naquele barco, naquele mar, naquela noite infindável de pensamentos confusos, de solidão, de medo e espanto. O sereno e tranqüilo mar da Galiléia geralmente é assolado pelos ventos que cortam as montanhas de Israel transformando aquela calma em terrível tempestade. Repentina, apavorante, destruidora.
- Aí! De nós – talvez gritassem os apóstolos, e como eles nós também – quem será por nós nessa noite escura, nesse imenso mar, e já sem forças? – Pois já era a quarta vigília, quando o pescador está no limite.
Mas, algo está para acontecer, grandioso e transcendente. O Mestre surge entre ondas rompendo a previsibilidade das leis físicas e superando as impossibilidades do raciocínio lógico do ser humano – andando sobre as águas! E por causa das previsibilidades e das impossibilidades vem o susto:
- É um fantasma!
A voz de Cristo é o balsamo da paz:
- Não temais SOU EU.
Jesus é aquele que em meio as impetuosas e ameaçadoras ondas caminha tranqüilo sobre elas. Mas, Ele é Ele. O Senhor. O Logos Criador. Ele pode. Quanto a mim, a você, a nós, quem somos? Que podemos?
Naquela noite, porém, a fé seria um diferencial.
- Se és tu, Senhor, mandas-me ir ter contigo por sobre as águas. - Porque se tu ordenares andarei por sobre as águas, por sobre as ondas, por sobre as crises. Sob a tua Palavra caminharei.
A resposta é imperativamente eficiente:
- VEM!
E Pedro foi, e andou e venceu...até...até...até...o vento e o rugido lhe desviarem o foco d”Ele. E Pedro afundou.
E como Cristo não estava ali apenas para um espetáculo místico, ralha a pequenez de sua fé, mas não o exclui da salvação, fazendo-o novamente caminhar, por sobre as águas de volta ao barco e, diante dos atônitos apóstolos ordenar a calmaria e ser obedecido.
Em meio a tantas ondas bravias (crises), observemos o nosso Mestre, não como um mero personagem místico, um ser fastasmagórico, empalidecido a agonizante na cruz; que conhecemos apenas numa relação religiosa, doentia e alienante. Mas, o contemplemos como o triunfante Senhor no qual o mar, as ondas e o próprio universo curvam-se ante o seu poder e que conhece intima e pessoalmente os meus dramas, minhas fraquezas, no entanto, ordena: VEM!
E quando Ele chama. E quando eu, você, nós obedecemos, o improvável, o inesperado, o impossível acontece: as águas tornam-se o tapete suave onde caminharemos sem ferir os pés.
- VEM!
As crises podem ser muitas, podem ser fortes, podem ser grandes, mas, seguindo o Mestre, teremos nelas as oportunidades de ver a fé fazer a diferença e o mar ronronar tranqüilo.

O CAMINHO DE DEUS EM TEMPOS DE CRISE


O mundo experimenta mais uma de suas crises.
Essa, fabricada pelos laboratórios econômicos e engordada nos escritórios de especulação financeira e que de alguma forma escapou ao controle (será?), e atingirá a todos; poderosos e emergentes, democratas e tiranos, oriente e ocidente, sul e norte, sem exceção todos sentirão seus nocivos efeitos.
Na era informação rápida e que as pessoas estão concatenadas com o que acontece em qualquer parte do planeta, através dos meios de comunicação que reduziu o mundo e aumentou a notícia, a “crise” virou o assunto da moda, a manchete resistentemente diária e ideológicamente conflitante. Está conosco no café da manhã, no jornal do meio dia, no horário nobre da TV e até no jornal do fim da noite sua presença é marcante.
Para fazer com que a situação pareça ainda mais apocalíptica, os preparativos para as festividades de natal e fim de ano são ameaçados pelo fantasma incógnito do ano novo amedrontador.
Alguns me perguntam sobre o caminho de Deus em tempos de crise.
Ora, a crise é um ótimo caminho para Deus.
Há um antigo provérbio oriental que diz: “As crises são oportunidades”.
O lema dos vitoriosos é: “No fracasso é que se encontra o caminho para o sucesso”.
Então, essa crise de agora, que ainda não atingiu a sua plenitude, já nos faz refletir nos paradoxos de nossa vida de altíssimo consumo e de estonteante modernidade. O remédio usado pelas economias mais poderosas do mundo é aquele que era tachado de veneno quando um país do terceiro mundo usava: a intervenção na economia.
Os bilhões e bilhões desembolsados pelos governos mundo afora para socorrer o sistema jamais seriam usados para socorrer seres humanos ou melhorar o meio ambiente. Esse dinheiro sempre esteve lá, guardado, como parte de um sistema cruel que superlativiza coisas, e que desvaloriza a vida.
Essa crise nos faz refletir no consumo desenfreado de cada um de nós como parte de um todo. Em nossos excessos diários e supérfluos. Na valorização hiperbólica do que é perecível e desnecessário, enquanto os princípios e virtudes foram sistematicamente desprezados.
Se eu temo a crise?
Temo, sim!
Um pouquinho. Não sou de ferro!
Mas estou em Cristo! E Ele, que supera qualquer crise e, que na crise da cruz construiu um caminho para a glória e, me ensina a oportunidade da fé na providência: “Olhai as aves do céu. Olhai os lírios do campo. Onde estiver o teu coração, aí estará também o teu tesouro” (Mateus 6.19-21: 26-28).
Então sossego.
Calma, não fico amorfo nem paralisado. Trabalho, produzo, leio, estudo, busco e observo as oportunidades em minha volta, porque o caminho de Deus em tempos de crise é a oportunidade da fé naqu’Ele que É tudo em todos.
Ah! Existe ainda outro fator interressante: essa crise foi uma oportunidade para os Estados Unidos (e o mundo) se livrar do Bush, e fazer história elegendo Obama.
Torço muito para que Obama faça um excelente governo. A Bíblia nos ensina a orar pelos governantes. O que me preocupa é que essa Obamania não faça com que ele pense ser mais do que ele é.
O caminho de Deus em tempos de crise é FÉ, PROVIDÊNCIA E AÇÃO.
Naqu’Ele que É o que É.
Soli Deo Glória.

OS 491 ANOS DA REFORMA PROTESTANTE E OS SEUS "SOLAS"



A Reforma Protestante foi um divisor de águas na história da Igreja Cristã. Não foi o primeiro confronto uterino da Igreja, pois, séculos antes já havia acontecido o grande embate entre a parte Ocidental da Igreja e a sua face Oriental. Essa difícil discussão interna ficou conhecida como o Cisma de 1054, quando a parte ocidental permaneceu fiel ao bispo de Roma, e a Igreja do Oriente seguiu seu próprio caminho.
No entanto, esse cisma não traria as mudanças estruturais, interpretativas e filosóficas que a Reforma Protestante foi capaz de causar. E assim como todo movimento de mudanças profundas na história, a Reforma Protestante fez o homem de seu tempo repensar sua fé, sua igreja, seus dogmas, suas tradições e o seu relacionamento com Deus.
É bem verdade que a Reforma não começou exatamente com Martinho Lutero, no famoso episódio das 95 teses na porta da catedral de Wittenberg, no dia 31 de outubro de 1517. Esse fato marcou a sua explosão para o mundo. Porém, ela começou, pelo menos duzentos anos antes e custou o sangue de muitos mártires que desejavam tão somente uma igreja pautada nos princípios cristãos.
É bem verdade, também, que podemos ler esse acontecimento através de vários aspectos, como por exemplo: o histórico, político, filosófico, econômico e religioso. Mas, o aspecto primordial e determinante que marcou a história da Igreja é o aspecto espiritual, que os reformadores traziam estampados em cinco emblemas de esperança que constituíam o anseio do povo e o âmago da Reforma. Eram os cincos “solas”:

Sola Scriptura – Para os Reformadores a Bíblia era a única regra de fé e prática, era a instância maior, acima das tradições e dos concílios. Não é verdade que os reformadores desconsideravam inteiramente as tradições e a voz dos concílios, não! Eles as tinham em grande estima, só que não os colocavam como regra infalível. Inerrante somente a Escritura, a Bíblia. O povo deveria ter acesso as Escrituras e para isso, ela deveria ser traduzida para a língua nativa de cada nação. (2ª Timóteo 3.16)
Sola Christus – Não existe nenhum outro salvador. Somente Cristo Jesus tem a autoridade para resgatar os homens das densas trevas e transportá-los para o Reino do seu amor. Ele, através do seu sacrifício vicário, com o seu sangue purifica os crêem em seu Nome. Não existe outro intercessor ou intercessora, Ele é O Caminho, A Verdade e A Vida, ninguém vai ao Pai senão por Ele. (João 14.6)
Sola Gratia – Não há nada no homem que possa ser apresentado como mérito diante de Deus. A salvação não é uma conquista meritória de homem algum, mas uma obra exclusiva da graça de Deus, que usa de sua misericórdia e de seu amor. E a graça é inegociável, não se pode fazer barganha nem acordos comercias com Deus, mas, devemos compreender que a graça de Deus torna o Evangelho superior a qualquer religião. (Efésios 2.8)
Sola Fides – O justo viveria somente pela fé. Não era as penitências, nem algum tipo de sacramento que conduziria o homem ao conhecimento de Deus e ter uma experiência vivencial com Ele, nem mesmo os atos de piedade, nem o fato de termos nascidos numa tradição religiosa; somente pela fé somos ligados a um salvador perfeitamente capaz de realizar a salvação. (Romanos 1.17)
Soli Deo Gloria – Somente Deus é merecedor de toda a gloria, louvor e majestade. No coração dos cristãos, e no seio da Igreja de Cristo não pode haver lugar para nenhuma outra adoração, Ele não reparte a sua glória com mais ninguém. Porque d’Ele, por Ele e para Ele são todas as coisas.(Romanos 11.36).

Como podemos ver, se faz necessário que a Reforma seja redescoberta e reaplicada na Igreja Evangélica de hoje, e que os seus valores e princípios sejam novamente a tônica de nossa doutrina.
N’Ele que é a plenitude de Deus.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

UMA CRÔNICA PARA PEDRO




Pedro, meu Pedro, meu filho.
Menino apressado que com sete meses e meio de gestação resolveu inaugurar-se e contrariar o funesto diagnostico de morte com a liturgia da vida.
“Seu filho não sobreviverá!”
Afirmava o médico mostrando os seus diplomas.
“Não temas, crê somente” (Marcos 5.36)
Assegurava o Médico dos médicos (Jesus) demonstrando o seu poder.
E assim foi o teu primeiro dia de vida. Dia de milagre. Porém, o maior milagre foi você!
Mas, eras tão pequeno, bastava uma só das minhas mãos para te segurar por inteiro. E era tão frágil, qualquer friagem poderia ser fatal. No entanto, havia sede de vida, vontade de vida, desejo de vida tão intenso que teus olhos brilhavam renovando a nossa fé.
Pedro, meu Pedro, meu filho.
Agora, estais completando o teu primeiro ano e foram tantas as vitórias, dia a dia, semana a semana, momento a momento que enumerá-las torna-se uma dificílima tarefa. O teu sorriso mágico tem a capacidade de demover os meus habituais e cotidianos estresses. Tua curiosidade infantil é aventureira e desbravadora, grande causadora dos nossos sustos primários. Teu cabelo dourado é um raio de sol que resolveu morar ali. O teu sono tranqüilo é a própria imagem da paz.
Já te arriscas alguns passinhos e meu coração aos pulos sofre com as tuas quedas e teus pequenos machucados, todavia, tem plena consciência do quanto eles são necessários para o teu desenvolvimento.
As palavras ainda não fluem na tua comunicação e tentamos compreender o quase indecifrável idioma comum dos bebês e as nervosas gesticulações incontidas.
Eu quero que estas palavras, junto com o meu amor embalem não apenas os teus sonhos, mas o de todas as crianças dessa terra.
Um dia, eu sei, tu iras ler esta crônica e então saberás o pai bobão que eu sou, desajeitaaaado, mas, loucamente apaixonaaaado por você, que não tendo mais como falar resolveu apenas te chamar: Pedro, meu Pedro, meu filho.

(Pedro Lucas faz aniversário dia 11 de outubro, véspera do Dia das Crianças. É o meu segundo filho, um milagre de Deus, pois fora dito que não sobreviveria, mas o Senhor lhe deu a vitória da vida).

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

O DESACELERADOR DE ALMAS



Uma das maiores fantasia humana é o desejo de ser Deus.

Esse fetiche de nossa essência quanto ser humano tem nos levado a imensas tragédias e a quase completa alienação de Deus. Foi assim no início de tudo (para quem crê), a fascinante possibilidade de ser igual ao Criador fez Adão experimentar o fracasso do seu limitado ser e transmiti-lo como um gene hereditário a toda raça por ele inaugurada.

Depois veio Babel e sua balburdia dissonante. A torre que seria um signo e um símbolo da capacidade tecnológica do homem alcançando os céus e fazendo-se deuses, tornou-se um outdoor teológico-filosófico-histórico-mitológico da megalomania humana, jamais satisfeita e eternamente decepcionante.

Os reis egípcios julgaram-se deuses, e desenvolveram ciências e mecanismos para tentar driblar o que não era possível esconder, o apodrecimento de sua carne denunciando que tão somente homens eram e nada mais.

Nabucodosonor achou ser um deus, enlouqueceu e comeu capim como qualquer burro xucro. Herodes aceitou ser louvado, e foi comido por vermes.

E assim tantos outros surgiram em nossa sinuosa história da humanidade.

Aprecio o desenvolvimento científico e caio em profunda tristeza quando percebo as inúmeras vezes que as religiões e o próprio cristianismo foram usados como artifício para estagnar o conhecimento, para ignorantizar os povos.

O que não aprecio são experimentações equivocadas sem medir conseqüências de suas ações. Bilhões foram gastos na construção desse acelerador de partículas para um experimento obsoleto e infrutífero, quando temos problemas tão mais acelerados e pertinentes e palpáveis problemas a nossa volta gritando por soluções e investimentos que são desperdiçados numa brincadeira de deus.

Sem falar que o principio da experiência choca-se com a religiosidade científica pregada como justificada para tamanho desperdício. É tudo para provar que a vida surgiu de uma idéia subatômica que duas partículas tiveram, e resolveram dançar um “funk” e...BOOM! Tudo aconteceu, tudo veio a existir.

Ora, se esse tal invento conseguir provar que o Big Bang existiu, o que ele vai provar é que foi necessário alguém criar o acelerador cósmico de partículas para que assim o universo pudesse existir.

Inventemos coisas mais úteis que possam ajudar na melhoria da vida com justiça, paz e bem estar as pessoas que choram, clamam e gritam. Espero que o tão falado acelerador de partículas não desacelerem as almas e jogue o mundo em mais uma perigosa e neurótica brincadeira atômica.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

DEUS EXISTE!


Deus existe!

Existe?

“Eu o encontrei” dirá alguém.

Que expressão mais simplória e desassociada de um embasamento coletivamente concreto e científico. Até parece uma frase medieval ou mesmo uma dessas idiotizações religiosa que abundam em nosso cristianismo de mercado.

No entanto, a comprovação da existência de Deus se dá em níveis absurdamente paradoxais que nos leva do concretamente visível - mas invisíveis, ao que é tão somente uma experiência individualmente mística no interior de cada um, que só ele vive e não se pode provar nada.

Deus não se preocupou em comprovar sua existência através dos métodos sensoriais humanos. Porém, “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras de suas mãos” (Salmos 19.1), ou seja, a própria natureza em suas manifestações ecossistêmicas testemunha uma simetria funcional engenhosamente perfeita, obedientemente as “leis” naturais que a regem. Se isso não ajuda a comprovar que Ele existe, pelo menos nos inquieta quanto o “porque” dessa maravilhosa criação.

Não! Não!

“Eu quero fatos. Fatos. Dê-me um fato que prove que Deus exista”

Alguém me abordou certo dia.

Ora, dê-me um fato que não o comprove.

Teoria da evolução?

Precisaremos evoluir um pouco mais.

Os testes dos carbonos, o desenvolvimento científico, as confusões religiosas, etc.

Esqueceram que o homem tateia no que já encontrou existindo, que Deus criou um ser conscientemente progressista e que Ele, não é patrimônio de nenhuma religião, nem mesmo do cristianismo. O homem olha para o universo e torna-se presunçoso pelas suas conquistas, porém, “Ele chama as estrelas pelo nome, e por causa do seu poder nenhuma delas lhe desobedece” (Isaias 40.26).

Há também a comprovação subjetiva interior de sua existência. O que acontece unicamente no campo do seu homem-interior, ambiente onde o teu espírito experimenta uma comunicação íntima com o Espírito de Deus e não haverá nada nesse mundo que lhe demova a certeza e a convicção que encontrou o Senhor.

Aliás, foi por Ele encontrado.

Essa experiência nos dá uma percepção espiritual da realidade, que “discerne por fé e não por vista”.

E não é que acaba sendo assim mesmo!

Deus existe! Eu o encontrei!

Corrijo: Ele me encontrou.

Soli Deo Glória.

domingo, 10 de agosto de 2008

A CONFRARIA DE BETESDA (João 5.1-13)




(Betesda significa “casa de misericórdia” e era um compartimento em Jerusalém, nos tempos de Cristo, onde havia cinco tanque,e havia uma crença popular ensinava que um anjo, de tempos em tempos agitava as águas e todos que entrassem naquele momento ficariam curados. Jeus cura um homem paralítico por 38 anos rompendo com aquela crendice popular)


A cena era chocante!


Coxos, cegos, paralíticos e toda a sorte enfermidades e deformidades humanas, além da extremada solidão, do abandono e desprezo. Betesda hospedava a confraria dos infelizes, unidos pelo dor de suas trágicas experiências vivencias.


A religiosidade era frustrante!


Toda aquela multidão reunida pela angustiante expectativa sobrenatural, depositava a sua esperança numa manifestação mitológica, uma superstição religiosa que contrariava os princípios de fé que os profetas haviam construídos naquele país. Uma crendice popular servindo apenas para alimentar ilusões e produzir desilusões.


A solidão era paralisante!


No meio daquela balburdia dissonante jazia um desamparado, amargurado e desesperado homem, paralisado pela misteriosa enfermidade e pela desumanizada solidão. Sem nome, sem posses, sem ninguém, rastejava sua existência imperceptível em meio aquele aglomerado de gemidos, murmurações e lamentos. Trinta e oito anos de sofrimento e dor que o deixaram totalmente dependente da misericórdia alheia, que não acontecia nem lhe chegava.


A revelação era surpreendente!


Mas, ele não passou despercebido pelo Mestre. Ninguém vive despercebido pelos olhos de Deus. Ele está presente em todo lugar e em todo momento, no entanto, estamos tão centrados na realidade focal de nossa vida que não percebemos a sua presença não é sentida, até que Cristo, num ato de misericórdia e amor divino revela-se para transformar a nossa existência. E ali, em Betesda, Ele revela-se para transformar a existência daquele homem.


O encontro foi transformador!


A vida cristã é feita de encontros.

Encontros que nos liberta das crendices e superstições escravizantes. Liberta-nos de uma vida sem sentido e sem esperança. Em Cristo, temos um encontro com o nosso verdadeiro ser. N’Ele há os imperativos que nos faz transpor todos os limites de Betesda:

- Queres ser curado?

- Senhor não tenho...

- Levanta...e anda.


A graça de Deus não está limitada a um lugar (Betesda), uma tradição, uma religião, uma crença, uma enfermidade, ela rompe as fronteira ou barreiras existenciais, mas explode em fé, amor e esperança, transformando vidas, libertando os homens.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

ACUSAÇÕES CONTRA ELIAS



(faz-se necessário ler em 1 Reis capítulos 17,18 e 19)


Fico imaginando o as coisas pelas quais Elias seria acusado em nossos dias:


Fanatismo.


Por que vivia pela Palavra de Deus e não pelas circunstâncias ou negociações culturais em detrimento a verdadeira adoração. Vivia objetivamente a sua fé, sem vergonha de proclamar os editos divinos que o Senhor lhe ordenava.


Preconceituoso.


Sim! Seria tachado de preconceituoso por não admitir que religiões pagãs tomassem lugar na terra que Deus escolhera para o Culto Santo ao seu Nome. Por não aceitar essas expressões bizarras e esdrúxulas, que em seu ápice chegavam a queimar seus filhos, ainda bebês, em seus rituais abomináveis.


Retrógrado.


Por que não aceitava as mudanças radicais e estruturais pela qual a nação de Israel afundava em sua vida moral. Por não acatar que os bons costumes fossem relegados e as “novidades” imorais adentrassem em meio ao povo escolhido em nome das relações comerciais. Por dizer “não” a aculturação de tudo aquilo que era inominavelmente blasfemo diante dos olhos de Deus.


Perturbador das massas.


Pela coragem sem medida de denunciar as autoridades, colocando o dedo na ferida e expondo o rei e toda a sua corja pelos crimes que faziam afundar toda aquela geração. Pelo protesto em público e o desafiar legítimo para que os enganadores e parasitas do poder público mostrassem a cara no confronto do Carmelo.


Crente frio.


Porque não pulou, não dançou, não falou línguas estranhas, não fez piruetas nem “decretou” coisa alguma pelo seu poder, mas, humildemente clamou pelo Deus que o chamou. O Senhor responde com fogo consumidor.


Crente em pecado.


Porque era homem frágil e em nenhum momento de sua atribulada vida recebeu qualquer “vacina anti-stress”. E, assim, sendo homem, esteve sujeito as mesmas paixões que qualquer um de nós, sujeito aos medos, e cansaços, e solidões, e conflitos espirituais.

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Precisamos despontar em nós a audácia santa de Elias. Suas coragens monumentais, sua força advinda da fé num Deus que É. Precisamos da sua obstinada certeza no valor inegociável da Palavra provinda de Deus. Precisamos de sua impetuosa presença profética, denunciando os abusos de toda uma sociedade que apodrece dia a dia chafurdando na lama espúria do relativismo liberalizante que faz agonizar a decência, a moral, os bons costumes e todos os valores cristãos.


Que todos aqueles que amam ao Senhor possam unir-se para expressar na aplicabilidade diária de nossa fé, os padrões imutáveis de Cristo e assim, transformar a nossa geração através da força libertadora do EVANGELHO.


Impossível?


Elias era homem igual a nós. (Tg 5.17).

domingo, 29 de junho de 2008

A EXTRAORDINÁRIA VIAGEM CRISTÃ





Vem!

Segura em minha mão.

Mergulhemos na mais incrível viagem que o homem pode viver.

As vezes será necessário estômago forte para suportar as voltas labirínticas bem próprias desse caminho.

Arme-se de firmeza para vencer a pressão atmosférica das curvas precipitadas e sinuosas.

Não leve muita bagagem e as poucas que trouxer vá deixando em cada parada.

Curta a paisagem pitoresca e não reprima os assombros acidentais.

Aprecie, degustando em cada estação seus aromas e sabores; se enriqueça com cada uma delas, por que são únicas, por mais que você queira nenhuma voltará.

Vem!

A extraordinária viagem do cristianismo não nos levará as órbitas saturnais, nem a distantes e gigantescas nebulosas. Não seguiremos aos transes alucinógenos que dizem capazes de expelir a alma para incompreensíveis aventuras. Não desbravaremos mundos invisíveis ou esplendorosas civilizações de aguçada inteligência e organizada sociedade. A viagem com Cristo nos projeta pára dois lugares impressionantes e que são fundamentais em toda a nossa existência.

A primeira estrada nos leva para dentro de nós mesmos.

Sim!

Lá onde os rancores, as amarguras, os medos e terrores petrificam-se e se tornam colunas em nossa vida, traumatizando o dia a dia e aqueles a quem amamos e que nos amam. Lá onde os amores e desamores armarram suas tendas e os desencantos fincaram suas bases sólidas, transformando a nossa vida numa frenética correria onde amar é apenas uma palavra do nosso limitado vocabulário.

A extraordinária viagem cristã é um mergulho profundo em nossa própria existência, um reencontro com as nossas mais intimas vontades e sonhos, é um recuperar das nossas mais honradas virtudes e um transformar completo de nossas ações e intenções.

A eficácia do Espírito age na desconstrução do ser secularizado que somos, indo direto no âmago do que somos. O cristianismo não é moldado pelo projetar nos outros aquilo que queremos, mas um descobrir uterinamente quem somos e permitir que Cristo amolde-nos pelo seu amor.

Nessa viagem ocorrem frustrações e lágrimas sempre nos acompanharão, mas, o nosso Companheiro de viagem nos faz perceber a beleza da sua obra em nós.

A segunda estrada nos leva para os braços do PAI!

Não mais um mergulho intimista, porém um vôo que nos conduz aquEle que é tudo em todos e que pela sua Palavra criou-se mundos e fez-se jorrar a vida. Esse é o destino final para quem teve coragem de despir-se de suas fantasias humanóides e desvira-se das paranóias religiocas para firmar-se no Filho revelador do Pai.

Vem!

Cristo te fará conhecer a ti mesmo e curar a mais profunda dor da tua existência.

Vem!

Cristo te conduzirá ao lar. Celeste lar.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

NÃO ME FALARAM DE CRISTO



Teve uma época em minha vida que decidi conhecer Jesus.
Foi um desejo latente e apaixonante, daqueles que vem para transformar a nossa vida.

Busquei-o em muitas formas e em todas as formas o “jesus” tinha uma forma que não era a sua própria forma.

Então, como Arquimedes a gritar “eureka!” pelas ruas, acendeu na lógica racional de minha mente procurá-lo onde Ele pode ser revelado de uma maneira especial e autêntica: na Bíblia.

Foi então que pude ter a experiência mais complexa e extraordinária de minha vida: conhecer Jesus Cristo através de Jesus Cristo.

Isso mesmo!

Quando nos debruçamos nas páginas eternas das Escrituras Sagradas vamos ter um contato com a Revelação Especial de Deus para as nossas vidas. Passamos a conhecer Jesus sem nenhum óculo teológico-doutrinário-político de plantão. Isso quando estamos dispostos a fazer de nossa leitura um momento de verdadeira alimentação espiritual e divina. Não lendo a Bíblia para combater essa ou aquela pessoa; essa ou aquela religião, mas, para encontrar O caminho, A verdade e A vida.

Descobri, então, estupefato, que não haviam me falado de Jesus Cristo.

Muitos me falaram de religião, e essa como uma instituição de regras humanas e imposições amargas, que perturbam e traumatizam os corações, que amputam sonhos e achatam as intenções mais puras e íntimas de nosso ser.

Outros me falaram filosofias infindáveis e neuróticas, de verdadeiras viagens teóricas e devaneios lúdicos onde os questionamentos brotam como incontáveis ondas existenciais mas não se tem nada de concreto, alias, nem o nada é alguma coisa.

Ah! Falaram-me também, de um camarada zangado e enfezado que lançava raios e maldiçoes sobre tudo e todos e exigia tudo e não se satisfazia com nada. Andava sempre de olho com aquele jeitão de um disciplinador severo, pronto para castigar a qualquer momento.

Sabe o que mais?

Falaram-me de um deus cheio de barganha e negociações tolas e desfavoráveis. Que afirmavam que ele lhe concedia uma graça, mas essa graça precisava ser paga com uma promessa ou voto. Então quase entrei em parafuso!

Se é graça é graça.

Porque se for preciso pagar, nem que seja uma porção de areia da praia, na beira do mar para obter uma graça, já não é mais graça e sim barganha.

Então, as paginas da Bíblia foram como um copo de água para um sedento viajante do deserto. Foi como despertar de um torpor que alucinava e alienava de qualquer compreensão exata do Ser de Cristo.

Nela, o Espírito Santo revelou (por que é o Espírito Santo que orienta as nossas leituras e orações) um Jesus Cristo que me faz repousar tranqüilo, de quem eu posso aprender e suportar o fardo porque ele é leve, encontrei um Jesus que não fica pendurado eternamente num madeiro ou está numa região celeste inalcançável pelo pecador de modo que tem a necessidade dos “santos” para interceder.

Não! Esse Jesus Cristo habita com todos aqueles que lhe recebem como o Senhor de suas vidas e junto com o Pai faz morada em cada um de nós, transformando-nos em fontes vivas que jorram para a eternidade.

Esse Jesus é o meu pão diário onde minha fé é renovada e o meu espírito fortalecido.

Esse Jesus cura as minhas mais uterinas feridas e meus mais profundos traumas dando sentido para a minha existência.

Esse Jesus faz explodir dentro de mim a fé, o amor e a esperança que transforma o mais miserável ser em sal e luz da terra.

Esse Jesus jamais me desampara e me conduz para o seio do Pai para todo o sempre.

Eu andava perdido e desgarrado, mas foi achado por ti Senhor.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

NÃO ESQUEÇA!



O Evangelho que escreveu o apóstolo João tem uma inigualável centralidade na pessoa divina de Jesus. Nenhum outro livro da Bíblia trás uma definição tão profunda do homem-Deus que Ele é. Em nenhum outro livro Ele recebe tantos nomes simbólicos para representar os aspectos de sua personalidade divina; ora Ele é o pão da vida, a luz do mundo, o cordeiro de Deus, e etc...

O capítulo 15 nos impacta pela analogia agrícola que Cristo faz de si mesmo e nos convida a refletir em 7 revelações que não devemos jamais esquecer.

Não esqueça de Deus, o Pai.

“O meu Pai é o agricultor”. Há uma grandiosa revelação da natureza de Deus através do próprio Cristo. Ele nos ensina sobre o aspecto criador do Pai, comparando-o a um agricultor responsável por uma vinha. O Pai é o planificador transcendente e incognoscível que fez surgir do nada todas as coisas pelo poder da sua Palavra. Ele é aquele que chama as estrelas do céu, uma a uma pelo seu nome, e nenhuma delas foge do seu poder. Por isso, não esqueça do Pai.

Não esqueça de Jesus Cristo.

“Porque sem mim nada podeis fazer...”. O Deus-Pai transcendente e incognoscível torna-se imanentemente conhecido em Cristo Jesus, o Deus-Filho. A única forma de conhecer esse Deus supremo e Todo-Poderoso é permanecer em Cristo. A única forma de ser transformado no novo homem é permanecer em Cristo. Não existe cristianismo sem que o cristão não esteja permanentemente em Cristo. E cai por terra toda e qualquer espécie de idolatria ou culto a qualquer outra pessoa que não seja Jesus Cristo, aquEle que é o caminho, a verdade e a vida. Por isso, não esqueça de Jesus Cristo.

Não esqueça do Espírito Santo.

“Quando vier o Consolador, o Espírito da Verdade”. O Espírito Santo é aquEle que convence o homem do pecado, da justiça e do juízo. Ninguém tem condição de compreender coisa alguma de Deus, ou de Cristo se o Espírito Santo não trabalhar em seu coração, em sua alma. Ele é quem consola e é quem intercede por nós com gemidos inexprimíveis. Ele procede do Pai e do Filho, e é igual em essência e poder. Estar com aqueles que receberam a Jesus como o seu Salvador e nos fortalece e consola. Por isso, não esqueça do Espírito Santo.

Não esqueça da Palavra (a Bíblia).

“Vós já estais limpo pela Palavra...”. A Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada é a revelação especial de Deus para nossa vida. Jesus afirma que as palavras que Ele proferiu, e que estão registradas nesse livro, são Espírito e vida. Ela é a nossa única regra de fé e prática. Quem por ela pautar sua existência jamais será abalado e o conhecimento do Senhor o guiará como bem registrou o salmista nos salmos 119.105 “Lâmpada para os meus pés é a tua Palavra, e luz para os meus caminhos”. Por isso, não esqueça da Palavra de Deus, a Bíblia.

Não esqueça da Igreja.

“Eu sou a videira, vós, os ramos”. Não se trata de uma instituição humanizada, dogmatizada, paradigmática e muitas vezes estatizada. Mas, trata-se de uma comunidade que mesmo estando no mundo não mais pertence a ele. Uma comunidade de pessoas que foram feitas amigos de Jesus, e por essas pessoas ele entregou a sua vida numa cruz. A igreja é a comunidade de pessoas escolhidas por Deus, através de Cristo e guiadas pelo Espírito que receberam a missão de guardar os mandamentos do Senhor e proclamar o seu Reino. Não deve ser conhecida pelo seu aparato teológico-fiilosófico, nem pela sua pomposidade institucional, muito menos pelos números e numerários, mas, deve ser conhecida pelo amor que reina entre os seus, tornando o Deus invisível, visível através do amor. Essa igreja não tem placas, pois é composta pelos que foram chamados (escolhidos) em todos os tempos e lugares para formar um corpo, o Corpo de Cristo. Por isso, não esqueça da Igreja.

Não esqueça de você.

“Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando”. Lembre-se que o Evangelho de Cristo não negocia nem perde tempo e energia com indagações filosóficas, ele é imperativo e taxativo sobre a condição do homem: pecador, destituído da glória de Deus. Porém, em Cristo, através da obediência aos seus mandamentos, somos feitos amigos de Deus, há uma reconciliação plena, aponto de deixarmos a condição de criaturas e sermos feitos filhos de Deus. Éramos desesperadamente perdidos, mas com Ele (Jesus), somos maravilhosamente salvos. Saiba que Ele te ama e por esse amor entregou a sua vida para uma morte de cruz. Por isso, não esqueça de você.

Não esqueça do propósito final de Deus.

“Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora”. Deus tem um propósito final para a sua criação. Regenerar um povo através do seu Filho, e quando estiver cumprido o número destes, o Senhor virá com poder e glória para estabelecer o Reino eterno. E nesse dia, que não estiver na videira verdadeira, será lançado fora. Essa é uma realidade inegociável do testemunho de Jesus. Ele, em breve, voltará. Por isso, não esqueça do propósito final de Deus.

Jamais esqueça de Deus, Jesus Cristo, o Espírito Santo, a Bíblia, a Igreja, você e o juízo final.

NaquEle que nos fez seus filhos.

domingo, 8 de junho de 2008

MUNDO TENEBROSO



Vivemos tempos difíceis.

Ouvimos coisas assustadoras.

Presenciamos acontecimentos tenebrosos.

De onde egressa tanto ódio e medo e trevas sobre os homens?

Nunca fomos tão menos humanos como demonstramos ser nesses séculos de controversas “luzes” e contraditórias conquistas científicas, sociais e econômicas.

O mundo cristão tem sido tão pouco cristão que os não-cristãos tornaram-se exemplos de atitudes cristãs.

Desde que Adão disse “não” a proposta de vida perfeita com Deus e em Deus, a humanidade desumaniza-se cada vez mais, pois, quanto mais distante de Deus o homem fica, menos humano ele é. Somente em Deus, por meio de Cristo é que somos, de fato, verdadeiramente “humanos” na exata expressão da palavra, porque no ato da criação do homem, Deus o fez imagem e semelhança sua.

Homem. Imagem de Deus.

Mas a queda distorceu e embaçou essa imagem antes límpida, agora, turva e irreconhecível imagem.

A nossa história, então, tornou-se uma seqüência absurda de violências, horrores e injustiças. Sangue e profusas lágrimas têm perpassado os tempos e as eras.

No princípio o fratricídio: o irmão assassinado. Em seguida, surgem as guerras étnicas e os violentos choques culturais e religiosos que geraram um rastro de incurável dor e ódio. Surgem, então, os impérios e suas volumosas sedes e fomes de poder e destruição, suas visões unilaterais de cosmos centrados em si mesmos: e que se dane os outros povos!

E na plenitude dos tempos, o Cristo surge para romper com os paradigmas de reino, poder e majestade: “É chegado o Reino de Deus”.

Ah! Que contraste e que decepção para os milicos religiosos-políticos de plantão, que esperavam uma hecatombe cósmica, pois, o Rei proclama: “meu Reino não é deste mundo”. E o Reino era composto de servos.

Mas, eis que o cristianismo ao crescer descristianiza-se e se transforma numa instituição estatal, servindo ao braço secular e servindo-se dele. E em nome de Jesus as cruzadas destruíram qualquer diplomacia e diálogo com os mulçumanos. E em nome de Jesus as fogueiras foras acesas e a diabólica inquisição torturou, mutilou e matou milhares de pessoas pelo simples fato de pensarem ou crerem diferente.

E protestantes e católicos se engalfinharam e guerrearam e se mataram em nome de Jesus. E mais guerras fluíram: guerras ideológicas, guerras políticas, guerras comerciais, guerras étnicas, guerras religiosas...

O Século 20 deixou um saldo histórico de inigualável perversidade: duas grandes guerras que falam por si só, a traumatizante experiência das armas nucleares, a fome nos continentes explorados, a indiferença do homem para com as realidades de Deus.

Homem, imagem de Deus.

Imagem distorcida e embaçada, imagem antes límpida, agora, turva e irreconhecível imagem.

Então, chegamos ao neurótico Século 21. O homem, no entanto, continua o mesmo. Somos capazes de ir à lua, mas incapazes de ir ao próximo. Somos capazes de falar por horas sobre Deus, mas incapazes de vivê-lo pó um minuto. Somos capazes de detectar com muita facilidade os erros nos outros, mas incapazes de reconhecer os nossos.

E no meio do turbilhão de nossa conturbada história, e no mais profundo do cansaço existencial ouçamos uma voz que grita ecoando pelos séculos: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei, aprendei de mim”.

Se em Adão caímos, em Cristo somos reerguidos para fazer parte do seu Reino de servos, cheios de amor, fé e esperança capaz de transformar esse mundo tenebroso num campo fértil para que a semente da vida abundante possa brotar.

NEle que nos transporta das traves para o Reino do seu amor.

Solus Christus.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

CAMINHANDO COM CRISTO



O caminho com Cristo surpreende o incauto peregrino.

É com sobressaltos que tomamos conhecimento D’ele, e de como Ele é.

É no assombro que a sua luz provoca em nossas contumazes trevas que descobrimos cicatrizes, feridas e chagas abertas em nós ou, que causamos aos outros. Sua luz desvenda as limitações reais e verdadeiras de nosso ser e, muitas que foram criadas com dogmas, paradigmas e preconceitos.

Caminhar com Cristo é ser consciente dos perigos da estrada, dos obstáculos e das sinuosas curvas e os desafios que espreitam o viajante. No entanto, é na eficiente sinalização do Espírito que trafegamos confiante no imensurável desfecho da rota.

Longe de uma peregrinação exaustivamente neurótica, ou de um caminhar enfadonho e rotineiro, essa caminhada nos conduz por paradas restauradoras, por entre reconfortantes estações e prazerosos oásis onde a poeira dos nossos pés é limpa e a fraqueza de nossas mãos transforma-se em força motriz.

Caminhar com Cristo é redescobrir valores esquecidos por uma sociedade dominada por uma febre de consumo, que transforma pessoas em números, ou em coisas, e que se permite toda afronta a Deus negando-lhe a adoração. Essa caminhada produz um retorno aos princípios e valores cristãos, e eles, são inegociáveis.

Caminhar com Cristo é ter incontáveis encontros e reencontros, e nessas inusitadas paragens reencontrar a nós mesmos, pois nos perdemos e permitimos que o mundo construa os nossos sonhos e desejos, e os sonhos que o mundo cria, são sempre pesadelos disfarçados e os desejos que nos impõem, são perversões e loucuras.

Caminhar com Cristo é experimentar a exuberante brisa da liberdade espiritual e oxigenar nossas veias com o mais puro sopro do Divino. É saber quem somos, para onde vamos e aquecer nosso coração com as brasas do Espírito Santo.

Essa caminhada é feita passo a passo, com vitórias e fracassos porque tudo conta como algo que contribui para o bem de quem o ama.

Logo, o que é fracasso? Que o Senhor não transforme em vitória?!!

E a vitória? Que valor ela tem se perdemos a sintonia com o PAI?!!!

Portanto, enxuga as lágrimas - embora chorar faça bem quando sabemos o limite entre o lamento profundo e necessário, e a mania de comiseração que gostamos de cultivar – e segue em frente, meu irmão-irmã; porque caminhar com Cristo é ter uma viva esperança tão esplendorosa que, mesmo que estrada esteja no deserto ela deve ser verdejante e frutífera.

O caminho da graça de Cristo Jesus é SAIR dessa contextualização extremamente individualista e ególatra que vivemos e IRMOS rumo a Deus e ao próximo, permeados pelo amor que Ele, Jesus, faz brotar em nossos corações.

O caminho é feito de Cruzes, de arados e de poeira, no entanto (entenda) há um rio da Graça que nos lava, cura e salva....

quinta-feira, 22 de maio de 2008

A ESCANDALOSA SIMPLICIDADE DE JESUS



As palavras de Jesus foram duras, poderosas, amáveis, reconfortantes; palavras que eram espírito e vida, mas, era também cortante ao ponto de dividir a alma e o espírito. Eram palavras escandalosas.

Os milagres de Jesus foram extraordinários, impressionantes, estarrecedores; foram atos dignos de alguém que vinha em nome e nas atitudes de Deus. Eram obras do próprio Deus. Não escolheu dia (podia ser sábado ou não). Não escolheu hora (manhã, tarde, noite, madrugada). Também não escolheu lugar (na estrada, no templo, na casa de Simão), simplesmente operava. Eram milagres escandalosos.

As escolhas de Jesus eram inusitadas, surpreendentes e muitas vezes provocativas. Ele escolhe estar com publicanos (cobradores de impostos para romanos), com os pecadores, com a população inculta e simplória, carente de recursos e pobres de Deus. Não se deixava levar pelas aparências, e sim, atuava pela sua misericórdia e amor. Foram escolhas escandalosas.

A vida de Jesus e seu ministério terreno foi o averso de toda expectativa político-militar que se tinha do Messias. Onde os mantos reais, as vestes sacerdotais, o séqüito de serviçais, as concubinas, escravas sexuais? Onde o palácio e suas legiões impetuosas ou sua guarda pretoriana?

Onde?

Era rei, profeta e sacerdote.

Era o Salvador, Libertador, Mestre e Senhor.

Mas era um simples homem. Filho de um carpinteiro e de uma humilde Maria. Vivendo uma vida singela e simples.

Isso era um escândalo!

Um escândalo maior que as suas palavras, seus milagres e suas escolhas. Muitas vezes não estamos devidamente conscientizados da humanidade simples de Cristo e suas conseqüências doutrinárias para o cristianismo. E assim, construímos teológica e filosoficamente um Jesus inacessível em seu trono, que estaria preocupadíssimo apenas com as filigramas teológicas que sacode a sua Igreja.

Na falta dessa consciência humanitária da natureza de Cristo e a sua simplicidade teológica, inventamos um cristianismo carregado de aparatos, mas, desprovido da essência da religião cristã, que é Jesus.

E quanta invenção!

Inventamos vestes sacerdotais imitando os imperadores romanos, aparatos que Jesus jamais vestiu. Inventamos catedrais de ouro, imensos e luxuosos templos para um Jesus humilde que montado num jumentinho entrou em Jerusalém, mas que se perderia nos corredores dessas “igrejas”. Inventamos católicos, protestantes, coptas, ortodoxos e tantos outros grupos com suas guerras santas por um Jesus, que morreu na cruz para que os n’Ele cressem jamais se dividissem, porém se amassem uns aos outros acima das picuinhas religiosas e ególatras.

Pare! Pare tudo!

Quero que você pense um pouco em Jesus.

Olha, é em Jesus. De verdade!

Não o Jesus paradigmático e dogmatizado, não o Jesus neurótico e estático, não o Jesus oferecido como uma mercadoria barata, não o Jesus estatizado e negociável, não o Jesus dissecado pela teologia dita cristã, que apesar de dois mil anos é incapaz de descrever um só sorriso de Cristo.

Quero que você pense no Jesus homem. Com os pés cobertos da poeira dos caminhos da Galiléia; Jesus sentido a dor dos semelhantes e incorporando-as. Jesus cansado, dormindo no barco; preocupado com a fome da multidão e providenciando pão. Jesus ensinando a evangelizar. Chorando pelos os amam. Sorrindo com o retorno e a euforia dos evangelhistas. Jesus homem, sendo homem, verdadeiro Deus.

Quero que você pense no Jesus Deus. Deus dos desamparados, dos desprovidos, injustiçados, dos que se acham só e não estão. Deus que se faz incompreensível para os poderosos, os intelectuais e sábios, mas que vive plenamente no coração dos que crêem na loucura do Evangelho da sua Graça.

Evangelho que se resume a uma só pessoa: Jesus!

Evangelho que se resume a uma só mensagem: o amor de Deus!

Evangelho que se resume a uma só atitude dupla do homem: arrependimento e fé!

Evangelho que não é uma expressão religiosa, e sim, vida com abundância.

Evangelho que não é uma teoria filosófica, e sim, uma prática no servir.

Libertos dos “jesus” que foram inventados, sejamos Igreja Católica Apostólica Cristã, una e verdadeira, tendo Jesus como centro vital, o amor como mote e o servir como prática diária.

Sem aparatos, sem invenções, sem luxos, porém, simples com as pombas e sagazes como as serpentes...

domingo, 18 de maio de 2008

UM CONVITE A MEDITAÇÃO


“Quanto amo a tua Lei! É a minha meditação, todo o dia!”

(Salmos 119.97)

Uma das coisas mais interessante que encontramos na Palavra de Deus é o seu constante convite a meditação reflexiva. Podemos perceber que para Deus, é fundamental que o homem pense e construa um cristianismo capaz de discernir as coisas que vem do alto através do seu entendimento, e esse conhecimento parte de nossa capacidade meditar.

Muitas das idéias absurdas que circulam hoje pelas igrejas foram concebidas na pressa de se descobrir uma novidade gloriosa. E, como não temos destinado tempo pra a saudável meditação, engolimos torpes revelações e duvidosos ensinos como se fossem verdades nas Escrituras.

O livro dos Salmos é uma grandiosa seqüência de momentos a sós com Deus, onde o salmista contempla as maravilhas e Deus e o reconhece em cada momento da sua vida, percebendo-o em cada acontecimento, tanto os favoráveis, quanto os desfavoráveis. A própria medicina moderna lança mão dos revolucionários estudos clínicos de hoje e, afirma que quem mantém o hábito de meditar, tem uma melhor qualidade de vida.

Mas, porque é tão importante meditar? Não seria perder um tempo valioso do dia ficar ruminando pensamentos? Porque essa prática é tão fundamental no cristianismo?

Ora, meditar é fundamental para nós, cristãos, por diversas razões. Vejamos algumas delas:

1. A meditação nos ajuda a discernir e perceber a ação de Deus através da sua criação (Sl 19.1);

O salmista nos convida a lançar um olhar perscrutador sobre as manifestações da natureza e que estão acima e além de toda capacidade criadora do homem. Ao observar o sol, a abóbada celeste, o firmamento, o mar, as grandes montanhas somos naturalmente tomados por um sentimento de insignificância e temor a Deus. Esse sentimento vem alojar-se em nossos corações, levando-nos a reconhecer aqu’Ele que concebeu tais obras e expressar um cântico de louvor ao Senhor, como fez o salmista: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras de suas mãos”.

Quando paramos para meditar na infinidade do universo, nas profundezas do oceano, na exuberância das florestas, no equilíbrio entre a fauna e a flora, somos achatados em nossa pequenez e levados a uma glorificação ao Autor da Criação numa incontida exultação: “Grande é o Senhor e mui digno de ser louvado”(Sl 48.1).

1. A meditação nos ajuda a discernir e viver o amor de Deus pelo seu povo (Jr 31.3);

Um segundo convite da Bíblia para nossa vida e considerarmos o amor de Deus por nós, seu povo escolhido. O mesmo Deus que criou toda essa formidável natureza e tudo que nela há, desde a maior estrela a menor de todas as flores, o Deus infinito e insondável, é o Deus que nos escolheu para sermos um povo santo e exclusivo seu. Não vivemos entregues a própria sorte, pois Ele tem cuidado de nós, e se vivemos, é porque a sua misericórdia se renova a cada dia e não permite que sejamos destruídos.

Quando meditamos somos levados a pensar profunda e responsavelmente sobre esse amor inexplicável de Deus, que nos constrange e cala a nossa boca das murmurações, quando refletimos o que Senhor fez por nós: “Mas Deus prova o seu amor para conosco, pelo fato de Cristo ter morrido por nós, sendo nós ainda pecadores”(Rm 5.8).

3. A meditação nos ajuda a discernir e desenvolver os ensinos de Jesus para a nossa vida e nossa Igreja (Lc 10.41);

Marta estava ocupada em muitas tarefas e por isso se achava ansiosa. Maria, ocupou-se primeiro em meditar para que assim pudesse trabalhar.

Quantos de nós estamos vivendo dessa forma? Ocupados demais para quedar-se aos pés de Cristo. Ansiosos demais para sentir sua presença acolhedora e tranqüilizadora. Quando Jesus contava suas parábolas, quando discursava e nos conduzia a olhar para os lírios do campo e as aves do céu, era uma exortação para que tenhamos em nosso dia momentos de intensa intimidade com Ele, meditando em sua doutrina e como aplicá-la em nosso dia a dia.

Para crescermos espiritualmente na sã doutrina de Jesus Cristo, é preciso termos tempo para a sua Palavra e para uma oração sincera aos seus pés. Uma só coisa é necessária: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas as demais coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33).

E eu, como estou em minha caminhada com Jesus? E você, como está? Pensemos em tudo isso aplicando em nossa vida da seguinte forma:

1. Procuramos disciplinar a nossa agenda para ter um tempo com Deus e meditar em sua Palavra?

2. Será que temos procurado manter, apesar do nosso dia a dia agitado, uma hora tranqüila, quedado aos pés de Cristo aprendendo, ou só temos lhe procurado quando as coisas não vão bem?

3. Será que realmente consideramos que todo o universo infinito não pode conter esse Deus grandioso e, no entanto, Ele ouve o nosso grito quando clamamos por socorro?

4. Será que temos tido tempo pra todas as coisas, esporte, televisão, amigos, etc, enquanto que para Deus apenas o resto?

Meditemos, irmãos, meditemos, pois esse é um convite de Deus em sua Palavra para o seu Povo.

Que Deus nos abençoe!